Anhangabaú: jardim tropical

Integrando-se à programação expandida da 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, o Instituto Bardi / Casa de Vidro realizou a exposição “Anhangabaú: Jardim Tropical”, com foco no projeto apresentado por Lina Bo Bardi e sua equipe para o Concurso Nacional de Projetos para a Recuperação do Vale do Anhangabaú, em 1981, que correspondeu ao tema central da 10ª Bienal “Cidade: modos de fazer, modos de usar, modos de agir”. Com curadoria de Renato Anelli, professor de arquitetura da USP- São Carlos, a exposição contou ainda com o colóquio “Conversando sobre Lina Bo Bardi”.

Apelidado como “Anhangabaú Tobogã”, o projeto previa a construção de uma longa, ondulada e bastante elevada passarela de aço protendido para os automóveis, liberando o vale para os pedestres na forma de um grande e aberto parque central. Altas e frondosas árvores tropicais conviveriam com as ainda maiores “árvores de aço” – os pilares da passarela que se assemelhavam aos troncos de gameleiras-bravas com volumosas raízes e galhos -, um grande gramado a ser percorrido livremente pelo povo, ao centro um lago atravessado por uma ponte tomaria o espaço da passagem subterrânea da avenida São João, e os edifícios ao redor seriam preservados, alguns inclusive restaurados e adequados a novos usos.

O projeto não venceu o concurso e não saiu do papel, entretanto, mostrou uma proposta de vanguarda para transformar o centro da cidade de São Paulo, com uma estrutura de forma e proporções surpreendentes para o seu tempo, assim como outros projetos da arquiteta. 

Com desenhos do acervo do Instituto e uma maquete confeccionada especialmente para a proposta, a exposição concentrou os objetos próximos à biblioteca, preservando o formato original dos espaços e seu mobiliário, o que permitiu ao público, durante a visitação, uma percepção mais ampla, envolvendo a exposição e a Casa de Vidro como um espaço doméstico.